Para indignar-se, basta ler o Programa Oficial de Governo do Bolsonaro
Leia boletim da AEEL:
Para indignar-se, basta ler o Programa Oficial de Governo do Bolsonaro
Diariamente recebemos centenas de mensagens com fotos, vídeos, imagens, cartas, matérias, montagens que versam sobre a eleição. Poucas são matérias sérias.
AEEL, de forma institucional, não se posicionou nas eleições para o Governo Federal no primeiro turno.
Por este motivo este informe só tem uma fonte: o programa de governo do Bolsonaro. Vocês leram? Conhecem as diretrizes? Se ainda não é fundamental que o façam.
Detivemos nossas análises e comentários às pautas ligadas diretamente à nossa luta, as privatizações. Mas recomendamos a leitura dos programas completos dos dois candidatos que podem ser acessado aqui e aqui.
Redução do volume da dívida por meio de privatizações, concessões, venda de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos em instituições financeiras oficiais.
Obs: o programa não cita, textualmente, que as empresas Eletrobras não serão privatizadas e nem que o Governo pode se tornar minoritário na companhia. Apesar da mais recente declaração do Candidato, já ouvimos essa promessa antes, não cairemos em mais um conto do vigário.
Privatizações e concessões deverão ser obrigatoriamente utilizados para o pagamento da dívida pública.
Obs: veja que o candidato não fala em reduzir juros. Fala o contrário: vender as riquezas do Brasil para obrigatoriamente pagar juros para banqueiros nacionais e internacionais detentores de títulos da dívida!
Algumas dificuldades políticas que poderiam surgir durante o processo de privatizações poderão ser contornadas, com “as bem desenhadas Golden-shares, garantidoras da soberania nacional”.
Obs: Este truque da Golden-Share tem sido propalado pelo Presidente Pinto Jr, 3G Radar, Paulo Pedrosa, Henrique Meirelles e outros privatistas patológicos. O Paulo Guedes, guru e guia econômico do candidato, veio da mesma escola de pensamento econômico! A ladainha é a mesma, basta ver a empolgação dos defensores da privatização da Eletrobras com as pesquisas eleitorais. Veja também que a Golden-share da Embraer não serviu para nada, sendo que ela era muito mais abrangente que a Golden-share da Eletrobras, que não serve para absolutamente nada de concreto, só não pode mudar o nome, o objeto e definições da própria lei que autorizará se aprovada, a própria privatização. Ou seja, pode tudo: esquartejar, dividir os ativos entre os principais ou grupos de sócios minoritários fazer separação de ativos, entre outras espertezas.
Mais empresas concorrendo no mercado, a situação do consumidor melhora e ele passa a ter acesso a mais opções.
Obs: falta conhecimento sobre indústrias de rede, na quais é melhor um único operador sendo regulado de forma justa. Livre mercado não garante, necessariamente, a melhora do consumidor, uma vez que a desregulamentação da legislação trabalhista, por exemplo, pode fazer com que todos passem a praticar o subemprego, reduzindo direitos dos trabalhadores, além dos riscos de coalizões espúrias.
Cabe lembrar que os direitos dos trabalhadores, como férias, décimo terceiro, plano de saúde, vale transporte, etc. compõem a contrapartida pelo trabalho empregado: o salário. Arredondando, metade do salário é em dinheiro e metade em benefícios (traz ganhos fiscais para as empresas), assim, retirar direitos é cortar o salário pela metade e empobrecer os trabalhadores, afetando negativamente toda a economia. Só beneficia os mega empresários, mais gente na porta das grandes empresas para trabalhar, insumos mais baratos e menos concorrência na venda dos produtos.
Somos contra o retorno do imposto sindical
Obs: os capitalistas e especuladores têm um sonho desde que o mundo é mundo: acabar com sindicatos. Assim fica mais fácil explorar o trabalhador até o seu limite físico e depois substituí-lo por “carne nova”.
Foi assim com os escravizados, foi assim na revolução industrial. De fato, não querem que o trabalhador brasileiro tenha representatividade. Então, sem a luta coletiva organizada, voltaremos aos níveis de pelo menos da década de 50 do século XX e começaremos toda a luta do zero.
Se a proposta de governo de Jair Bolsonaro ainda não lhes dá motivos suficientes para refletir sobre o seu voto, lembrem-se das falas recentes do seu vice, General Mourão, de seu guru econômico, Paulo Guedes (especulador reconhecido e investigado por fraudes em fundos de pensão, como o Postalis, quebrado por maus investimentos e o FUNCEF que já declarou prejuízos por negócios com Guedes), e do próprio Candidato sobre 13º salário, CPMF, as mães e avós como “fábrica de desajustados”, a diferença de salários entre homens e mulheres (porque elas engravidam), a violência do discurso contra as minorias, o apoio ao torturador Brilhante Ustra e, por fim, o seu histórico como deputado federal incompetente, sem atuação propositiva no Congresso Nacional.
O momento é de reflexão e resistência ao retrocesso que tal candidatura representa.
Escolham conscientes, porque nossas escolhas poderão custar muito mais que quatro anos para a sociedade brasileira.